terça-feira, 7 de junho de 2011

Depoimento do escritor Feliciano Tavares sobre Marluce persil.

A moça é um misto de calmaria e resolução e bem poderia ministrar aulas de emoções e seus sinônimos. É alguém que já trás dentro de si as ciências místicas e as penúrias dos que se emolduram à sombra de Castro Alves. Andou pela ribalta, peralta, e de lá trouxe, talvez, as reticências:- da curiosidades;-da insônia;-da coragem; Estas três lianas percorrem, em seu primeiro livro, as tranças dos fios poéticos, que brilham como as contas molhadas das oferendas aos oirxás da Bahia. Ler seus poemas é como assistir o despontar da lua entre as nuvens do inverno. Há ali algo, como que um futebol de sentimentos e argumentos- nunca se sabe como eles acabarão. Envoltos estão os mistérios: - de curiosidade positiva, invólucro de sua alma jovem;- de insônia, conseqüência direta de uma preocupação com humanos, desumanos e outras mortais;- de uma coragem, oculta mas realimentada por seus íntimos conflitos desnudados. As vezes, raras vezes, ela parte para a imprecação e xinga pai, pátira, mãe e escola. Mas ela bate bem da bola.Como uma pera, pomo do Jardim que o pobre Adão não ousou provar, sabe ser opulenta e generosa. Mas nós, contingente expulso do Éden , ao provarmos de seu sumo em versos, sentimos a força sobre a crisálida , a alma elétrica da rã que pula sobre a maçã, em bateria, no compasso ponderável da poesia. Feliciano Tavares Monteiro OBS: Feliciano Tavares Monteiro é menbro do consinte ( conselho internacional de escritores), autor dos livros O sino do meio e Cordeu Zumbi d' Angola Janga. Escreveu para periódicos como: jornal atarde, tribuna da Bahia. Teve seu nome incluso no dicionário dos escritores Baianos. Ganhou o prêmio Luis Ademir em 2007 com a melhor poesia: A boca é livre.

A maioria não me assusta, mas sim a minoria de pensamentos livres.

Os dois lados

Vejo dois países em uma só cidade De um lado a ignorância, vestida de sonhos e esperanças
Dançando de baixo de ilusões
Tentando contrariar de decepções.
Do outro, a vaidade em nobres traços de sutileza carregando a sutil bondade.
Horas fosse verdade!
Se não vestissem imagináveis trajes
Com seus olhos vistosos
Barrigas pesadas
E gozando de suas cenas de tv
Fingindo não percebe a putrificaçao de seu cuspe, com vestígio de champanhe importada
Empenando o nariz
Dirigindo seus carros importados
Passeando em seus mundos encantados
Pintando sorrisos comprados
Deixando a marca do salto no asfalto
E na janela ao lado, o cheiro que exala
Da esburacada pista, forma sinfonias de contraltos
Que cantam sem voz
Pois a força não estava no prato.

E nada mais

Luz do sol
Arco- ires encantado
Passos flauta
Mãos acordes d’ piano
Nos teus olhos um esplêndido horizonte por qual me encanto.
Canta! Pois... ecoa deste canto o sono dos anjos
Canta! Pois... ecoa desta boca perdão humano.
Olha só as árvores brincando de fazer estrada aos nossos planos.
Bem a frente uma trilha oceano
Tão profunda...
Quanto o sentimento que proclamo.
Eu te amo!

Paradoxo

Comida no prato:
excesso
gula
infarto.
Comida no vazo:
Excesso
culpa
tv
revista
bulimia.
Comida no lixo:
excesso d’ gordura em mente
choro
enjôo
Partida
anorexia.
Comida na mente:
prato vazio
descaso
ambição
desnutrição
pobreza
tristeza
desânimo
desperdício
paradoxo
contraste...
Bem vindo a realidade!

Querubim


Olhei-te sim!
Um pouco mais
Pela última vez.
De tuas asas decorei parte a parte
Para saber apagar de minha mente os detalhes.
Desventurada que sou...
Choro d’ um lado
E riu do devaneio deste amor.
E agora para onde vou?
As lágrimas me carregam para longe
Minhas mãos tremem e chamam teu nome.
Você parte da minha realidade
E nada me sobra
Apenas a dor da saudade.
Não
Não vá!
Não abra a porta ainda.
Deixa te olhar um pouco mais
Deixa-me acalmar minha paz
Silenciar meu grito
Abafar meu gemido
tomar um sonífero
Pra não lhe ver sair!
Não quero mais uma lembrança ruim dentro de mim.
Adeus querubim!
Tenha um bom despertar.
Não me deseje bons sonhos
Pois agora só me restarão pesadelos
Delírios
E olhos vermelhos.
Adeus querubim!