segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Mudanças baratas

Somos movidos por variedades de mudanças baratas
E governados pelos novos dráculas.
Assistimos a um programa de barbeis malhadas
Em que os comentários gerais são dos barbudos de pernas arreganhadas.
E eu vejo em todos os canais o totalitarismo em homens julgados de paz
Mas sei que nazistas e fascistas florescem cada vez mais em caras de caras normais. Ouço com o meu sincero constrangimento o ecoar dos gritos negros
Que ainda hoje carregam em seus corpos as marcas da dor
Berram! Mas não pelos chicotes e sim pela desigualdade que perpetuou.
Pobres homens que diferenciam o ser humano por cor!
Desconhecem o fato da alma ser desprovida dela.
Essas atitudes primariam que surgem no nosso viver é algo tão usurpador
Porque foge do nosso contexto e apresentação
Pois o texto que devemos decorar é algo que nos diz muito além do que tudo isso que podemos imaginar.
Esse mundo resumido em hipocrisias, jamais alimentará nossas almas
Porque ela é pura e precisa respirar
Mas nosso sistema apenas nos faz sufocar.
Esse sistema de escandalosos
Que nos podam para poder reinar
Nos forçam a acreditar em utopias
Mas esse governo débil, não me compra mais com seus bestialógicos
Porque pra mim, esses intelectuais retardados não passam de escarras demagogas
E de nada me fazem ter orgulho ou glória.
Oh! Mundinho fútil
Que faz com que os desprovidos de humildade se sintam donos da razão
Mal sabem que a exclusão nos inclui na extinção.

João e Maria

João e Maria em uma outra história que ninguém conhecia:
Abandonado com frio e com fome
João aprendeu a nunca confiar no homem.
Cresceu cheirando cola, roubando e pedindo esmola.
Nunca foi à escola
A vida o ensinou que jamais realizaria o sonho de ser doutor.
Ontem ele pinchou
Hoje ele roubou
O amanhã a Deus pertence
Sua vida era um suspense.
Aos dezoito anos de idade, fazia a rota da maconha por sua cidade.
Procurado por cometer um dos piores assassinatos
Condenado a viver enjaulado
O medo não fazia parte de seu fardo.
Conheceu Maria
Menina pobre que se vendia
Como prostituta aprendeu que a vida é curta.
Gananciosa sonhava com ouro a sua volta
A melhor forma de conseguirem, seria roubar!
Eles tinham isso em mente
E iriam concretizar.
O banco foram suas últimas tentativas
Mortos com três tiros na saída
Dois pra João
Um pra Maria.
O amanhã a Deus não pertence mais Descansem em paz.

Quem tentar conhecer alguém por palavras se perderá nelas.

Artigo227

Menino de rua, vida tão dura!
Não acredita em papai Noel
Muito menos em papai do céu.
Seu pai é uma lenda
Sua mãe uma quenga.
Parece destinado a morrer
Sua vontade é sobreviver.
Perante a constituição:
Saúde é amarelão
Alimentação se acha no lixão
E cultura é fazer do livro papel de embrulho, pro bagulho.
Enfrenta discriminação e exploração
Humilha-se pra alguém o enxergar
Como um ser pensante
Como um ser errante
Como um ser humano.
Na brecha da janela do carro
Ampara a esmola em mãos
Torcendo para refugiar seu semblante dos “não”
E pra que seu dia não seja em vão.
Artigo 227, constituição federativa do Brasil
Você diz que faz
Mas ninguém ainda viu.

Terra

Que órbita engraçada
Nem todos dão risada.
Não quero ir lá fora, ser a mais nova atração
Deste circo de horrores em mutação.
Mundo paranóico
Mundo parabólico.
Constrói seu próprio cativeiro
Refém de si mesmo
Nem tudo é tão lógico.
Suspiros ansiosos.
Tirana jornada
Que lança pedras ao chão
Deixa-me namorar a paz em solidão.

Feliz Aniversário

Hoje é dia de festa
Todos com suas melhores roupas
E saltos maiores que a própria altura
No bolo, muitas surpresas
A Champanhe adocicava os semblantes borbulhantes, que ensaiavam suas frases
Decoradas: saúde, paz, muitos anos de vida.
As velinhas brilhavam, tapetes vermelhos enfeitavam a passarela do trombone que convidava:
-Chamem a Teresinha, seu Aristide, e Valquíria, seremos gentis, chamem o padeiro, o leiteiro e o carteiro e não se esqueçam do carpinteiro.
-Hum... acho que esqueceram de chamar alguém!
-Opa! A companhia está tocando e o carteiro berrando: - alguém, alguém!
-Sou eu!
-Não, Não é o convite para a festa.
- É convite para o despejo!

Inútil guerra

Depois daquela guerra
Em que os homens não se achavam iguais
Cruzes pediam paz
E vítimas coloriam os jornais
Eu já não me achava mais.
E naquele estranho dia que metal chovia
Provocando singela sepsia
Quase me esquecia da perversa mão fria
Que engatilhou a hemorragia.
E ali se presenciou o ecoar da dor
Era negro o sol, quando o galo cantou
E as flores caiam
Árvores nem frutos mais tinham...
E a terra secou
Como os embriões nos ventres torturados.
Egocêntricas armas
Egocêntricas falhas
Deixem morrer o poder
Deixem o ser viver.