sábado, 16 de agosto de 2008


"A língua que fala mais que a boca, um dia cala a voz de tanta vergonha."

Eu poderia... melhor não !!

Metade do que falo, fala muito pouco de mim
E tudo que escondo é um universo de paisagens indecifráveis....
Eu poderia talhar meus pulsos agora, e esperar por algo ou alguma coisa porque a morte não me assusta,
Só a desistência, pois não sou covarde !
Então prefiro continuar...
Porque continuar mesmo sem fazer as pazes com a vontade , significa força
Significa que ainda sou maior que a situação, e ainda posso enxergar as linhas de minhas mãos.
Metade do que escuto é muito pouco diante de todas as vozes do mundo
E tudo que compreendo, são choros e gemidos em um volume ensurdecedor.
Eu poderia trancar-me em meu quarto, fechar as janelas, para definhar aos poucos e ninguém notaria...
Porque a morte não me assusta
Só a desistência, pois não sou covarde!
Então prefiro continuar ...
Porque continuar, mesmo quando chove durante todo o ano, significa que sei enxergar beleza em todas as estações
Significa que o inverno ainda não congelou o ar em meus pulmões.
Metade do que sei é muito pouco, perto do que me omitem,e tudo que sei é que não sei
Eu poderia me lançar ao nada e nadar contra mim mesma
E assim me esconderia da pressa do tempo, das necessidades do momento, e assim não faria mais parte da corja da sociedade que se submete a fome dos abutres
Porque a morte não me assusta
Só a desistência, pois não sou covarde!
Então prefiro continuar...
Porque continuar mesmo perdida em uma estrada desconhecida e sem mapa é coragem
Isso significa, que ainda faço sentido mesmo procurando por sentidos.
Metade do que eu falo...
Metade do que escuto...
Metade do que sei...
Me da todos os motivos para eu talhar os meus pulsos, entrar em meu quarto e nadar contra mim mesma... Por que eu não tenho medo da morte , só da desistência, pois não sou covarde !
Prefiro continuar.

Impiedade

Quem dita impiedade e brutalidade no verde que repare, planta a constante evidencia da futura inexistência.
Planta e... nada colhe!
Se essa queimada não lhe sufoca, homem armado de irracionalidade, é porque a muito já não sente o perfume que nos foi presenteado pelo verde fotossintetizante.
E se este fogo não lhe atiça o refletir
Perdoe-me sinceridade, mas talvez seja inapto a exercer suas funções cerebrais em total normalidade.
Uso essas linha para matar a morte da vida
Você usa sua ganância brutal e banal para matar a vida.
E quem é você para sacrificar-me ao teu Deus do ouro
Abafando-me ao sol sufocante de 40, da revolta do meu verde
Quem é você que desequilibra o meu meio
Transforma o belo em feio...
Feio paraíso artificial
Poluído
Condicional.
Porque não preservamos nossas mascaras de oxigênio?
E se continuares, será que existência minha prevalecerá daqui a mais uns poucos anos de sua burrice, para que lhe indague: quanto custará as mascaras de oxigênio?

Onde paramos nunca chegamos

Vês Rubinho onde eu parei poucos querem pisar.
Homem, criatura que delira, cega-se e o universo o nega
Rubinho os republicanos não olham para os lados
E o meu repudio por esta nação me faz maldizer o que de migalhas aqui ainda acho.
Os silvícolas que concretizaram a face brasileira, quando milagrosamente um útero europeu forjou o parto de uma nova civilização, hoje usam suas flechas contra a extinção.
A natureza que nina o nosso cansaço, com uma brisa suspiraste no despertar da manhã, anda carente de fruto e sombra , doente, sofrendo com as impulsividades das mentes humanas.
Pobres vítimas! Com sonhos raquíticos da qual brutalidades são obedientes crianças .
A republica não vê o desespero do povo, que vive em crise desde quando ainda debruçada dormia em berço.
Somos plebe Rubinho, E quando cansaremos de viver de forma subumana?
A bandeira se hasta, todos se emocionam!
O canto da minha boca é uma injúria profana.
Admiro quem chora de emoção com fome!
Eu ainda não aprendi a ser tão generosa.
Se uma amiga lamenta-se por durante anos ter sido companheira dos estudos e hoje estende na rua um tapete ao trabalho informal, dou-lhe um guarda sol, para que a pele não arda-lhe mais que o estômago solitário.
Ora, e o que mais poderia fazer?
Também sou vítima
Soberba terra!
Confesso que esta pátria, muito fica a desejar e goza com a miséria.
1888 nada mas diz, voltamos a labutar com os corpos cansados e psiquicamente humilhados.
De fato extinguiram os chicotes mas a sempre um mascote esperando você bradar para sentar em sua cadeira .
O mês passa, você passa,e todos a sua volta também
A pressa só lembra que a algo a lembrar, das contas a pagar pra sobreviver e continuar a trabalhar.
É... Rubinho quando olharão para nós?
Deus, ó Deus! Responda minha indagação
É que a pouco lembrei que este aquém desabafava, não é mais meu amigo
Ele foi vítima da ditadura social, que dita o comportamento: homem eterna essência bruta animal.
Não que não sejamos simplismente animais embora não precisemos ser brutos.
Para ti Rubinho,grito: traidor
Para nossa pátria, grito: traidora!

Reencontro

Naquela simples tarde de domingo você surgiu tornando-a singular
E pude ver o que os nobres acham já ter presenciado: A suprema riqueza
Que me cumprimentousentando-se ao meu lado com o olhar acanhados.
Esmera tarde Que descrevera da forma mais singela Aquele semblante de paisagens intrépidasPor tanta beleza.
Graciosidade que desafiou os mais nobres monumentos
Que a partir daquele momento tornou-se frívolos e sem argumentos.
Possuía a habitante doçura que luzia o dia
E despertou meus desalentos Fazendo-me subitamente convalescer, Pena que naquele momento que teus olhos fitaram os meus, roubando algo de mim que já há muito tempo era seu, o universo não poderia ser anestesiado da ânsia de prosseguir
E contentei-me a míseros instantes perto de ti.
Naquela tarde, em que as cenas em minha volta tornaram-se preto e branco, por tão pouca importância, você reluzia como pedras preciosas em abundância.
Me fez lembrar de inexistentes lembranças
E sentir falta do que nunca fez presença
E anunciava-se ali, naquele pobre estúdio, em que nossas vozes ficaram gravadas, o reencontro de velhas almas.

Outro Qualquer

Solidão, minha inseparável amiga, única que não lembro quando deixou-me cair de suas asas longas, pontudas como espadas dos Espartas.
Ave putrica que sente o cheiro da carniça à distância e não erra em sua caça
Em um sincronismo sinfônico nos fundimos e eu apta a descrever seus vôos mais intrépidos que desafia torres ou tumulos, fui arrastada por esta morte que vive em mim.
Quando eu morrer e for velada com flores e velas como manda a tradição, discurso e sermão, sei que ao meu lado ainda sim estará lá a solidão.
Oh! Ela à de me enterrar!
Pois se todos isso já fizeram antes, ela estará por finalizar.
E sobre minha lápide seu nome assinará, ficando ao meu lado em um gesto necrófago.
E por fim enxugar ao sangue de minha alma e alimentará a saúde de minha dor.

Eu ainda posso gritar

Como podes, pai adotivo de minha jornada intrépida, abandonar-me aos dentes famintos do leão, que saliva de esquina em esquina a procura de almas desbotadas por chuvas que flora seu limo escorregadio e intencionalmente dificulta o passeio turístico das pobres mentes anestesiadas por delírios desventurados.
Foi tu que fizeste-me enxergar com os dois olhos, perceber que em tudo existe dois lados, tão opostos, tão significantes, tão completos.
Daí convoca-me a guerra?
Justamente quando estava mais fraca.
Pois na última batalha perdi meu escudo e desapontei-me por minha espada que cegara.
Eu precisava me refazer!
Ir ao mais alto de uma montanha, gritar aos céus um pouco de atenção, arrepiar-me em busca de perdão, chorar, lavar minhas vestes e minhas mãos.
Recostada em uma pedra acompanhando à despedida da lua para que pela manhã eu pudesse nascer... você... golpeou-me pelas costas!
Foi embora e nada disse.
Porque me traiu?
Teu trono, não salivei...
Seus desejos, não cobicei.
Ao longo de todas as nossas batalhas em cumplicidade, mostrei-lhe minha face mais fraca, meu lado mais fácil de ser atingido, meu choro abafado, reprimido.
Eu não o odeio!
Eu, não o entendo!
Rancores passam e lágrimas secam.
Mágoas? Ficam... Sendo suficientes combustíveis para a vingança
E que a vingança fique longe do meu eu!
Ela é a cegueira da razão, se é que existe razão.
Ainda assim, um pouco sem uma parte de mim, sou capaz de minha voz entoar:
Levantem-se todos contra mim, todos!
Que eu os entrego minha espada e ajoelho-me para derramar até a última gota do meu sangue por um ideal!
O que é um homem sem palavra?
Nada!
O que é um homem sem audácia?
Nada!
O que é um homem sem saber quem ele é?

Delírios

Alma embalsamada em rancores
ciência que não decifra as piores dores
filosofias a pairarem, enraízam-se, são derubadas e voltam a voar
solturas, pontos tentando se ligar
conexões que aproximam a fazem distanciar
e acerteza onde esta?
Certeza, delírios que tentamos explicar
em cada pouco do povo um tanto de louco.
desenhos sem nexo
diâmetros incompletos
paisagem do subconciente para labirintos que curvam cabeças, quando estacionadas em qualquer lugar.
A cada qual uma estrada e o nome na lápide é sempre a última parada
descanso da tormentosa corrida de atletas
a fuga de uma jaula enferrujada
apertada, sufocante, cheia de moribundos.
A sempre uma viúva, que acabará de enterrar o marido e empreguinada em tuas vestes com o cheiro do mistério, da a luz a um poeta.
Ah... o poeta é filho do choro!
camalião que tanto muda que as vezes esquece que já mudou.
Poesias são células, sem elas morreriamos!
concretizaçao do abstrato que somos
das cores que criamos para clarear o que acreditamos
porque sempre vagamos...
e as linhas que os poetas preenchem
São somente poemas que somos.