sábado, 16 de agosto de 2008

Eu ainda posso gritar

Como podes, pai adotivo de minha jornada intrépida, abandonar-me aos dentes famintos do leão, que saliva de esquina em esquina a procura de almas desbotadas por chuvas que flora seu limo escorregadio e intencionalmente dificulta o passeio turístico das pobres mentes anestesiadas por delírios desventurados.
Foi tu que fizeste-me enxergar com os dois olhos, perceber que em tudo existe dois lados, tão opostos, tão significantes, tão completos.
Daí convoca-me a guerra?
Justamente quando estava mais fraca.
Pois na última batalha perdi meu escudo e desapontei-me por minha espada que cegara.
Eu precisava me refazer!
Ir ao mais alto de uma montanha, gritar aos céus um pouco de atenção, arrepiar-me em busca de perdão, chorar, lavar minhas vestes e minhas mãos.
Recostada em uma pedra acompanhando à despedida da lua para que pela manhã eu pudesse nascer... você... golpeou-me pelas costas!
Foi embora e nada disse.
Porque me traiu?
Teu trono, não salivei...
Seus desejos, não cobicei.
Ao longo de todas as nossas batalhas em cumplicidade, mostrei-lhe minha face mais fraca, meu lado mais fácil de ser atingido, meu choro abafado, reprimido.
Eu não o odeio!
Eu, não o entendo!
Rancores passam e lágrimas secam.
Mágoas? Ficam... Sendo suficientes combustíveis para a vingança
E que a vingança fique longe do meu eu!
Ela é a cegueira da razão, se é que existe razão.
Ainda assim, um pouco sem uma parte de mim, sou capaz de minha voz entoar:
Levantem-se todos contra mim, todos!
Que eu os entrego minha espada e ajoelho-me para derramar até a última gota do meu sangue por um ideal!
O que é um homem sem palavra?
Nada!
O que é um homem sem audácia?
Nada!
O que é um homem sem saber quem ele é?

Um comentário:

Unknown disse...

aMIGA LINDAS SUAS POESIAS....